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terça-feira, 21 de abril de 2009

Um governo ilegítimo

Foi esquisito ver a posse de Roseana Sarney. Ela estava nervosa e insegura, com aquele esgar estranho na boca, que a caracteriza quando não está à vontade com o seu papel. Ela sabe o que a maioria do povo maranhense pensa de sua posse, no tapetão, palavra odiosa que pressupõe direitos tirados de alguém de maneira ilegítima. Representando um papel, ela fez um discurso lido, como sempre, no qual repete banalidades antigas.
Também era demais, para quem passou 8 anos no governo e deixou o estado no último lugar do ranking de desenvolvimento social brasileiro ter condições de prometer alguma coisa à sério. E depois assistir à Fundação Getúlio Vargas divulgar que em meu governo o Maranhão foi o terceiro estado que mais se desenvolveu no país. Só fazendo "cara de paisagem", mesmo.
Uma coisa, porém, já dá para perceber pela divulgação do secretariado. Ela desistiu das loucuras da "reforma administrativa" que fez no seu desastrado governo, quando acabou com a Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio, Ciência e Tecnologia, etc, além de não criar uma Secretaria de Meio Ambiente, entre outras irresponsabilidades.
Na verdade, soa como uma grande incoerência, pois ela usou todo um sistema de mídia para dizer que aquilo era o mais importante e modernizador projeto de administração pública do Brasil. E agora se apressa a nomear secretários para essas pastas. Mudou de idéia caladinha, sem fazer comentários...
Seu governo paga pelos pecados de não ter sido eleito pelo povo. Não pode nem dizer, como seu pai o fez há mais de quarenta anos: "recebo na praça pública o direito de governar o Maranhão, direito que me foi dado pela vontade soberana do povo". Ao contrário, o povo a reprovou no voto, mesmo com todo o seu império de mídia, que tudo fez para elegê-la. Venceu nos tribunais, longe do povo, pelo voto de 4 ministros, em uma decisão conseguida com custosa maioria, polêmica, assumindo à revelia do que dispõe a Constituição do Estado, que manda fazer novas eleições. Assoma-se mais uma vez, atualíssima, a matéria da revista britânica The Economist, que classificou o todo poderoso senador José Sarney como o "senhor semi-feudalista", pelos usos de expedientes para tomar o poder, em típico ato patrimonialista oligárquico, como caracterizou Raimundo Faoro, em seu clássico livro "Os Donos do Poder". O Brasil ali retratado ainda é o de hoje, para alguns!
Sarney mais uma vez dá provas de que é um dos homens mais poderosos do Brasil. Manda em presidentes e quando precisa lança um charme enorme para aqueles que não gostam dele, usa de boa prosa e se mostra um amigável solucionador de problemas. Poucos resistem. O charme vem em grande parte por ter ocupado a Presidência da República, é imortal da Academia Brasileira de Letras, e, principalmente, pelos favores que fez quando exerceu as presidências da República e do Congresso Nacional. Pena que nunca usou esse poder tão grande para beneficiar o estado trazendo, para cá projetos grandes o bastante e estruturantes, para tirar o Maranhão da pobreza e do atraso. Usou todo esse poder em benefício próprio e da sua família. Ao Maranhão, apenas a postura do grande déspota, mantendo as condições para que continue a dominar o seu território. Foi como procedeu, ao impedir que Lula visitasse o estado e trouxesse benefícios, e ao impedir que a siderurgia viesse para cá.
Por falar em Lula, a governadora Roseana Sarney já fala em sua vinda ao Maranhão. Isso seria sem dúvida alguma uma bofetada na cara dos maranhenses dada pelo presidente. Deixaria muito claro que não tem o menor apreço pelo povo do Maranhão que lhe deu tantos votos. A sua vinda, agora, significaria que só tem apreço pela família Sarney e não pelos maranhenses.
Como o governo não foi eleito pelo povo, não há compromissos políticos; há dívidas. Todos os que participaram da elaboração do processo de cassação estão aquinhoados, sejam advogados ou a turma do "faz-tudo". Os irmãos Murad, Ricardo e Jorge têm participação especial. Tomaram conta e se enfrentaram dividindo o governo. Ricardo indicou metade do governo, ele mesmo para a Secretaria da Saúde, e Jorge indica a pessoa que vai administrar o orçamento, o dinheiro do governo, a Secretaria de Planejamento.
E já estão planejando a revanche contra seus adversários... Vamos denunciar todos os atos de revanchismo e ódio que pretendem fazer.
Vamos ser "fiscais dos Sarney". E o pior é que, de acordo com as pretensões que já divulgaram, o Maranhão cedo voltará aos indicadores sociais de 2002.
'Eita', oligarquia! O Maranhão precisa demonstrar que não aceitará mais tanta irresponsabilidade.

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